O professor e seus desafios
Apesar
das inúmeras dificuldades – por exemplo, a baixa remuneração, o pequeno
reconhecimento social e a indisciplina na sala de aula –, o professor continua
acreditando no alto impacto social da sua profissão. É o que revela a pesquisa
Conselho de Classe, da Fundação Lemann, em parceria com o Ibope Inteligência,
feita com mil professores de escolas públicas de ensino fundamental de todo o
País. Além de traçar um perfil dos docentes brasileiros, o intuito da pesquisa
era ouvir os professores – como eles veem os desafios da tarefa educativa atual
e os caminhos para superá-los.
O Estado
de S. Paulo
26 Maio
2015 | 00h57
A
pesquisa revela que a grande maioria dos professores do ensino fundamental
cursou escola pública no ensino fundamental (86%) e no ensino médio (81%). A
proporção inverte-se no ensino superior – apenas 34% fizeram curso superior em
alguma instituição pública. Os dados também indicam que, apesar dos baixos
salários, para 57% dos entrevistados, ser professor implicou um aumento de
renda em relação a seus pais. Para 11%, a renda manteve-se equivalente e em 27%
dos casos houve diminuição do rendimento. Quando se compara a formação
acadêmica dos professores e a dos seus ascendentes, constata-se também um claro
avanço: apenas 7% dos pais e 9% das mães dos professores cursaram o ensino
superior.
Quando
perguntados sobre as suas expectativas para os próximos cinco anos, 69% dos
professores responderam que esperam continuar na mesma função que exercem
atualmente, 9% pretendem aposentar-se, 5% almejam mudar de área; o restante,
mantendo-se no setor educativo, gostaria de exercer funções diferentes da
atual.
Entre as
maiores satisfações da atividade docente, 72% dos entrevistados citaram a
possibilidade de contribuir com o aprendizado do aluno. Os dois fatores menos
citados na pesquisa foram a remuneração (20%) e o reconhecimento social (17%).
Uma professora da rede estadual consultada na pesquisa fez o seguinte relato:
“Tenho uma aluna que uma vez falou para mim que não sabia por que eu dava aula,
porque a mãe dela era vendedora das Casas Bahia e ganhava o dobro do meu
salário, sem nunca ter estudado”. Para mais de 70% dos entrevistados, há um
descompasso entre a remuneração dos professores e os salários de outras
carreiras – sejam públicas ou privadas – que exigem formação superior.
Segundo
os professores, o problema que atualmente requer solução mais urgente é o
acompanhamento psicológico dos alunos. Os docentes veem-se obrigados a resolver
sozinhos situações que exigiriam a participação de um profissional
especializado. Outros fatores citados na pesquisa como carentes de atenção
urgente são: a indisciplina dos alunos, a defasagem de aprendizado, a aprovação
sem a devida preparação e a inadequada remuneração dos professores. Ou seja, os
baixos salários aparecem apenas em quinto lugar.
A
pesquisa revela também quatro grandes temas que preocupam os professores de
ensino fundamental da rede pública: a formação efetiva dos alunos, a
heterogeneidade das turmas, a relação com as famílias e aplicabilidade das políticas
públicas. Nesse último aspecto, os professores consideram que os formuladores
das políticas públicas estão distantes do dia a dia de uma escola e que seria
muito benéfico que os docentes fossem mais ouvidos.
Questionados
sobre a responsabilidade de cada um dos envolvidos – família, professor e aluno
– na vida escolar, os entrevistados atribuíram peso 4,26 às famílias, 3,82 aos
professores e 2,92 aos alunos. Os docentes têm enorme consciência da
importância social de sua profissão, mas veem a família como um aspecto ainda
mais decisivo. A pesquisa indica que os professores gostariam de manter maior
proximidade com as famílias, já que percebem que problemas familiares e sociais
afetam frequentemente o aprendizado do aluno.
Conhecer
a realidade dos professores – e como eles veem os desafios da educação nos dias
de hoje – é um passo fundamental para a melhora da qualidade da educação
brasileira. O futuro depende deles.
Dayanne Dias da Silva Matr.:13212080451
Fabrina pereira Queiroz Matr.: 13112020096
Juliane Oliveira da Silva Matr.: 13212080090
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