Bagunça é uma constante no Brasil
A
indisciplina é um problema forte e constante nas salas de aula do país. O
Brasil está no topo da lista dos países que mais perdem tempo de aula por causa
de bagunça. São 18% de tempo gasto, o que contabilizado em um mesmo turno de
aula pode chegar a uma hora.
Madalena*,
34 anos, é professora há 7 anos e desde que concluiu o curso de Pedagogia
trabalha em escolas da rede municipal de Curitiba. Desde 2005 dá aula em uma
escola que fica em uma região de ocupação irregular, no bairro Uberaba. Mesmo
com formação superior e experiência, ela enfrenta um problema em sala de aula
com o qual não sabe lidar: a violência da região onde a escola se localiza.
Seus alunos têm em média 8 anos e tratam o homicídio como algo corriqueiro.
Além do que veem na região onde moram, muitos deles enfrentam o mesmo problema
em casa. Quando chegam à sala de aula, não conseguem deixar de lado os problemas
e isso se reflete na aprendizagem. Assim como Madalena, a falta de preparo para
lidar com situações adversas dentro da sala de aula é bastante comum entre os
professores do ensino fundamental e médio nas escolas, principalmente na rede
pública.
Na lista
dos grandes desafios a serem encarados hoje dentro da escola constam também a
indisciplina, as dificuldades de aprendizagem, os problemas psicológicos e
comportamentais. Mesmo com os cursos de capacitação oferecidos tanto pela
Secretaria de Estado de Educação quanto pela Secretaria Municipal, e os que são
encontrados em faculdades e universidades, os docentes não estão preparados
para enfrentar a diversidade e os problemas sociais que se refletem na sala de
aula.
Segundo a
coordenadora-geral de formação de professores do Ministério da Educação (MEC),
Helena Costa de Freitas, a formação pedagógica dos professores no Brasil não é
suficiente e existe uma falha grande na conciliação entre teoria e prática.
Além disso, a abordagem de outras áreas do conhecimento aparece pouco nos
currículos dos cursos de formação de professores. “Ainda é tudo muito
segmentado dentro das universidades. A formação é muito teórica e as teorias
não ajudam a compreender a realidade dentro da sala de aula”, explica.
O
currículo do curso de Pedagogia e das licenciaturas sofre algumas
modificações de acordo com cada instituição, mas de maneira geral a carga
horária dedicada a disciplinas como Psicologia da Educação e Fundamentos da
Educação Especial é insuficiente para capacitar o professor para lidar com as
dificuldades que aparecem em sala de aula.
Raquel
conta que, nas duas turmas em que dá aula, existem muitas crianças com
dificuldade de aprendizagem e problemas psicológicos, e que ela não foi
preparada para enfrentar isso quando fez a graduação. “É muito complicado.
Tenho dificuldade em lidar porque é algo que vai além da nossa capacitação.”
Ela explica que em alguns casos as crianças são encaminhadas para o serviço de
psicologia que a prefeitura oferece para as escolas municipais, mas que não é
suficiente para atender a toda a demanda.
Pouca
prática
A
pedagoga e especialista em formação de professores da Universidade Federal do
Paraná (UFPR), Verônica Branco, diz acreditar que a falta de prática dentro de
sala de aula durante a graduação é um fator fundamental que compromete o
desempenho do professor depois de formado. “Aqui na universidade os alunos
fazem estágio uma vez por semana, sempre no mesmo dia. Isso é muito pouco para
que eles conheçam de verdade a rotina de um ambiente escolar”, comenta.
As
secretarias estadual e municipal de Educação oferecem cursos de formação
continuada para os professores, inclusive para trabalhar com alunos especiais,
mas a carga horária não é suficiente para proporcionar um resultado efetivo
dentro da sala de aula. “Não acredito nessa formação continuada genérica. Acho
que só dá resultado quando é algo pontual, feito especialmente para professores
específicos que enfrentam problemas específicos. O certo seria reunir grupos
dentro de cada escola e ver qual a dificuldade que aquela comunidade enfrenta”,
diz Verônica, que fez sua tese de doutorado sobre o assunto.
A
assessora da Superintendência para Formação de Professores da Secretaria
Estadual de Educação, Maria de Fátima Navarro Lins Paul, diz que os cursos de
formação continuada duram entre dois e três dias, mas que há grupos de estudos
que acontecem anualmente. “Violência realmente não é uma questão fácil de se
lidar dentro da escola, mas não podemos exigir que o professor esteja preparado
para enfrentar um problema quando a sociedade também não está.” Na rede
municipal, os professores participam todo ano de uma semana pedagógica e podem
fazer em média dois cursos de capacitação por ano.
Dayanne Dias da Silva matricula: 13212080451
Fabrina Pereira Queiroz matricula: 13112080096
Juliane Oliveira da Silva matricula: 13212080090
Nenhum comentário:
Postar um comentário